Nove dias após Javier Milei ser eleito presidente da Argentina, ainda há incerteza sobre o futuro da relação entre o Brasil e o país vizinho. O argentino mudou o tom após vencer a eleição e convidou Lula para a posse.
São 200 anos de relações bilaterais entre os dois países. A data histórica foi comemorada na 7ª edição do Seminário Internacional de Líderes, em São Paulo. O tema principal foi o futuro do comércio entre Brasil e Argentina, como contou a organizadora.
"Poderíamos ser a quinta economia mundial, vender para a Europa como um bloco sem guerra, com paz, unidos, focados no comércio internacional", afirmou Cecilia Luchía Puig, argentina organizadora do evento.
O Brasil é o principal comprador dos produtos argentinos e o país é o terceiro maior importador de mercadorias brasileiras.
Brasil e Argentina juntos têm mais da metade do território, da população e do Produto Interno Bruto da América do Sul. Os dois países também são os mais importantes economicamente do Mercosul, mas o futuro do bloco tem sido motivo de preocupação.
Atualmente, o Brasil lidera o Mercosul, e corre para fechar o acordo com a União Europeia, que se arrasta há 20 anos. A iniciativa privada acompanha com atenção essas negociações.
Enquanto isso, Javier Milei foi aos Estados Unidos para se encontrar com assessores da Casa Branca. Durante a campanha, Milei fez críticas ao presidente Lula e disse iria tirar a Argentina do Mercosul, mas, desde que ganhou a eleição, mudou o discurso e adotou uma postura mais cautelosa.
No fim de semana, inclusive, enviou a futura chanceler à Brasília para entregar uma carta-convite para que Lula vá à posse presidencial.
Para o economista Roberto Troster, que nasceu no país vizinho e fez carreira no Brasil, o potencial das relações entre o Brasil e Argentina vai muito além do comércio: "da irmandade entre os dois, tem muitos outros aspectos que estão melhorando, da cultura, educação e como a relação tá forte, nessa copa o Brasil inteiro torceu pela Argentina, algo nunca visto em 200 anos de história".